O desenvolvimento
econômico de Rio Verde é um fato claro e óbvio para todos em nossa região. Mas
para saber o que queremos para o futuro de nossa cidade em relação ao desenvolvimento
econômico e social, é obrigação lembrar como chegamos até aqui e porque nossa
cidade é a número um no agronegócio brasileiro.
Nos anos 20
do século passado, a região do Sul Goiano experimentou um florescimento
mercantil que permitiu o desenvolvimento das cidades para um modelo mais urbano
e comercial, calçado principalmente pelas políticas de expansão agrícola.
A soja “entrou”
em nosso Estado, exatamente aqui no Sudoeste Goiano na década de 50, pois nossa
região já apresentava um maior dinamismo e em relação a outros locais. O Governo
Federal então resolveu, através do POLOCENTRO beneficiar esta realidade e dar
maior apoio aos produtores de nossa região.
Até a década
de 60, as principais atividades econômicas do nosso município eram ligadas a
criação de gado e a produção de arroz. Rapidamente Rio Verde se consolidou como
cidade-polo produtora de soja do Sudoeste Goiano. Este dinamismo fomentou a
iniciativa de alguns produtores em melhorar ainda mais seu processo produtivo e
reduzir custos operacionais, dando início ao que podemos chamar de Primeira Onda do Desenvolvimento Econômico
de Rio Verde, através da fundação da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do
Sudoete Goiano – COMIGO.
A COMIGO,
fundada em 1975 por cerca de 50 produtores da nossa cidade, desempenhou, e
desempenha até hoje, um papel crucial para o estabelecimento de um setor
produtivo que envolve toda produção e processamento de grãos em escala
industrial. Inicialmente o problema principal da COMIGO era enfrentar os contratempos
relacionados ao armazenamento e comercialização do arroz e do milho –
principais produtos da nossa região – mas o “boom” da soja apartir de 1970, transformou
também o foco desta cooperativa. Com uma estratégia que se baseou na
verticalização da produção e na agregação de valor aos produtos agropecuários,
obedecendo sempre a lógica da diversificação da base produtiva de seus
associados, a COMIGO hoje é considerada uma das principais empresas agropecuárias
do país.
O processo de
estabelecimento da cooperativa no entanto foi lento e trabalhoso. Em 1977, já
eram mais de 170 cooperados. Nesse ano também foi construído o primeiro armazém
de grãos em Rio Verde. Entrepostos foram abertos nas cidades vizinhas e a cooperativa
impulsionava o crescimento de Rio Verde, apesar da desconfiança de muitos
produtores em relação ao ”novo grão”. Sabendo se aproveitar de subsídios
governamentais a COMIGO se tornou o maior agente de disseminação do cultivo de
soja nos anos 70 e 80 no Estado de Goiás. A liderança de seus associados
fundadores foi fundamental para estabelecer uma cultura empreendedora,
convencendo e educando os agricultores acostumados com produtos tradicionais e
também junto aos agricultores que vinham de outras regiões do Brasil para se
estabelecer aqui, miscigenando e transformando a cultura de uma Rio Verde nova
e com grandes perspectivas.
Em 1980 e Rio
Verde tinha aproximadamente 75.000 habitantes. Pouco mais de 25% em áreas rurals.
Para se ter uma idéia, hoje a nossa população rural é de apenas 7,3%.
A COMIGO continuava
a crescer e expandir suas atividades, e outras empresas também passaram a se
estabelecer por aqui nos anos 80, como a Kowalski, em 1986.
Assim claramente
podemos afirmar que o primeiro Salto ou
Onda de Desenvolvimento em Rio Verde, foi proporcionado pela capacidade de
nossos produtores agrícolas em se articular para obter melhores ganhos em
processos e produtividade – bases para a criação da COMIGO.
Para se ter
uma idéia hoje o que representa essa inicativa, em 2012, segundo o RANKING
EXAME, da Editora Abril, dentre 400 empresas analisadas do agronegócio, a
COMIGO é 55ª empresa brasileira em vendas, 45ª que mais cresce e 38ª em lucro
líquido.
A Segunda Onda de Desenvolvimento Econômico
veio justamente pela capacidade de associativismo e integração que é o DNA de
nossa economia. Através da grande capacidade de fornecer insumos à cadeia
produtiva de aves e suínos, combinado com uma série de incentivos fiscais, a
Perdigão decidiu instalar seu Complexo Agroindustrial em nossa cidade.
No ano 2000, Rio
Verde tinha pouco menos de 117.000 habitantes segundo o IBGE e uma indústria
com base no agronegócio só viria a fortalecer uma economia que já dava sinais
expansão em outros setores, como a Construção Civil e a Metalurgia.
No fim de 2003,
o recém inaugurado o Complexo Agroindustrial de Rio Verde produzia 260 mil
toneladas de carnes e empregava mais de 3700 funcionários diretos. Toda uma
cadeia de granjeiros para fornecer suínos e aves foi estabelecida e uma série de
indústrias como Grupo Orsa e Videplast fizeram parte desta grande mobilização
empresarial em nossa cidade.
Mas não foi
só na indústria que Rio Verde respondeu. As Escolas do Sistema S, a Fesurv (Universidade
de Rio Verde) e o Instituto Federal Goiano (antigo CEFET) buscaram atuar na
formação de mão de obra qualificada, envolvendo uma série de competências
profissionais bastante variadas. De operários a gerentes, de proprietários a
administradores de granjas, muita gente se capacitou para atender a nova
demanda de mercado.
Mais pessoas
decidiram se estabelecer por aqui e o Brasil em 2007 consumia como nunca. A
nova classe média emergiu com uma força surpreendente e boa parte do que
alimentava a mesa dos brasileiros, chineses, rússos e europeus vinha do
trabalho de rioverdenses.
Em 2007,
nossa população cresceu quase 30% em relação a 2000 e Rio Verde chegava a
150.000 habitantes. O principal é que mais de 58% era composta por pessoas acima
dos 30 anos. Um forte mercado consumidor e principalmente que decide o gasto
familiar. Para se ter idéia, em 1980, a população acima dos 30 anos era de
pouco mais de 30% do total.
Essa Segunda Onda de Desenvolvimento teve
impactos fortes em nossa economia. O creccimento anualizado do PIB rioverdense
foi de 17% ao ano entre os anos de 1999 e 2008. Jataí em Mineiros também se
desenvolveram, mas na casa de 14% ao ano.
Até que em
2009, Rio Verde se consolidou como a capital brasileira do agronegócio. Os
dados de 2010 e 2011 oficiais ainda não sairam, mas é fato que a geração de
riqueza de nossa região aumentou ainda mais nesses anos. Muito provavelmente
seremos a nº 1 no agronegócio de 2010 e 2011.
O crescimento
econômico do agronegócio gerou renda em outros setores da economia, e Rio Verde
é a cidade onde mais de vende veículos utilitários no Brasil. O setor da
construção civil caminha forte e o curso superior de Engenharia Civil do IF
Goiano irá ter início em 2013 fornecendo mão de obra qualificada a um setor de
nossa economia que demanda cada vez mais gente com conhecimento e preparada
para construir uma nova sociedade. O número de abertura de empresas
quadruplicou entre 2009 e 2011.
Agora estamos
prestes a ver uma nova mobilização em nossa cidade. O Polo Industrial
Ferroviário irá elevar Rio Verde para um novo patamar. Será, o que penso a Terceira Onda de Desenvolvimento Econômico
que vivenciaremos. A Ferrovia Norte-Sul irá conectar nossa região aos
principais polos de escoamento portuário do nosso pais. Alguns produtores falam
numa economia de R$ 3,00 / saca de soja somente com a redução no valor do frete.
Historicamente,
todas as cidades brasileiras que passaram a se conectar com a rede ferroviária
se desenvolveram. Durante o final do século XIX e século XX, o Estado de São
Paulo se desenvolveu muito por conta destas facilidades logísticas. Com uma
plataforma moderna e com uma base agrícola e industrial desenvolvida poderemos
alcançar um patamar de desenvolvimento ainda maior.
Empresas de
Fertilizantes, Metalurgia Pesada, Montagem de Motores e uma gama enorme de
empresas de serviços e varejo, já se habilitaram e querem participar desta nova
fase de desenvolvimento. Hoje somos por volta de 200 mil habitantes, e creio
que em 2020 estaremos com uma população de 250 mil habitantes.
A lição de
casa que nos resta é escolher bem um modelo de desenvolvimento que favoreça a
formação de mão de obra qualificada de alto nível, em padrões mais altos dos
que vivenciamos hoje, atuarmos fortemente junto as distorções sociais
provenientes de um crescimento populacional desordenado e garantir as próximas
gerações um futuro cada vez mais brilhante.
Os últimos
164 anos foram intensos. Que venham muitos mais, e cada vez melhores.
Vou dando
meus pulos por aqui. E você ?
Mauricio
Faganelo
Economista, Delegado
do Conselho Regional de Economia de Goiás (CORECON) em Rio Verde CORECON. É professor
universitário e empresário.
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