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24 de maio de 2013

Carta a um empresário Rioverdense: A Classe Média, Automóveis e os Estudantes Universitários

O Empresário brasileiro, seja em Rio Verde, Oiapoque, Chuí, Rio Branco ou Natal, sofre o mesmo dilema no seu dia a dia: Conduzir sua empresa num ambiente de mercado cheio de incertezas, tendo que administrar o risco e o erro. O Governo em grande parte das vezes não ajuda, mantendo uma carga de impostos alta e uma qualidade de serviços prestados sofríveis. 

Você talvez deve ter ouvido falar que o Brasil é uma BELÍNDIA: Carga Tributária Alta como na Bélgica e qualidade de serviços prestados pelo governo como na Índia. Pois é meu amigo e minha amiga, em relação a isso não conseguimos vislumbrar mudanças no curto e médio prazo, então o jeito é administrar sua empresa de forma em que seja possível calcular os riscos de uma forma inteligente e que traga resultados positivos.

Uma maneira de avaliar estes riscos é conhecendo o mercado onde sua empresa atua. 
Eu sei, você já conhece seu mercado, e quem sou eu para meter o dedo no seu negócio. Mas há fatores comuns que existem em uma economia que podem ajudar você, que toca seu negócio com o maior sufoco e dedicação, a estar na frente e se antecipar ao censo comum. Como um empresário do mercado imobiliário de Rio Verde me disse: “Quem chega primeiro na fonte, bebe a água mais pura”. Saber sobre o que acontece a sua volta é mais do que fundamental.

Para quem nunca soube, ou tem não idéia desses números, segundo a Moka21Consultoria de Rio Verde, a Nova Classe Média representa 62,2% da população rioverdense, de acordo com Censo IBGE 2010. No Brasil, este índice chegou a aproximadamente 53% em 2012, segundo a pesquisa Pyxis/IBOPE. É uma diferença importante a realidade que vivemos em Rio Verde e do resto do país. Ou seja, um mercadão que merece ser explorado cada vez mais. Basta dar uma voltinha no Bairro Popular para comprovar essa tese.

Outro fato que também preocupa que trabalha com comércio é a inadimplência. Para essa matéria fui buscar a última pesquisa do BACEN, e a inadimplência do crédito ao consumidor praticamente se manteve em 5,3%, mesmo nível dos últimos 3 meses. A inadimplencia das empresas está em 2,3%, também estável. Meno male, como diria minha avó. O que assusta mais, é que quase de 65% das famílias brasileiras está endividada, inclusive a rioverdense. 

Bom, no saldo final a situação é a seguinte: as famílias estão conseguindo pagar a conta, mas comprar mais a prazo ainda é um problema. Sugestão: Porque não uma promoção para pagamento a vista ? Aumenta seu caixa e evita a inadimplência.


O TRANSITO DIZ MAIS SOBRE A ECONOMIA DO QUE VOCÊ IMAGINA

Voltando ao passado, o que fez com que muita gente passasse para a Nova Classe Média, foi transferência da renda do agronegócio para o setor de consumo. Isso gerou e tem gerado uma maior atividade no comércio, ainda que tímida em alguns setores, mas consistente em sua grande maioria. O número de novos negócios desde 2009 em nossa cidade teve um crescimento exponencial, muitos novos empregos foram gerados. 

Para se ter uma idéia, desse nível de renda alto, um indicador basta: Em Rio Verde temos registrados 106.427 veículos automotores, para uma população residente de 186.465 pessoas. São 1,74 habitantes por veículo. Na cidade de São Paulo que conta com a maior de veículos automotores do Brasil, essa relação é de 1,64. Assustador não é ! O mercado rioverdense de autopeças agradece. Mais carro na rua é sinal de mais gente com dinheiro no bolso, para gastar com suas necessidades do dia a dia. Aproveite a localização do seu ponto comercial e faça disso um ponto ao seu favor.

Outro  número surpreendente é o crescimento do setor de serviços em Rio Verde de 1999 a 2010, de 13% ao ano, muito superior a média nacional. O setor de serviços rioverdense se manteve de 2005 a 2010 como o 5º maior do Estado de Goiás. 


O OUTRO LADO DA MOEDA

Para que esse crescimento se mantenha, se faz necessário uma atenção especial a fatores que vão além do capital físico (instalação, máquinas e equipamentos). É fundamental avançarmos em pontos que entendo como primordiais: as idéias, as instituições e o capital humano.
Vou falar somente sobre capital humano nesse texto, pois é nesse ponto que mais afeta o empresário local.

De toda a População Economicamente Ativa em Rio Verde, 94% está ocupada em postos de trabalho formais e informais. Essa plena atividade de uma economia em crescimento constante faz com que o Empresário sofra com a falta de gente qualificada. É muito difícil manter um colaborador em uma mesma empresa por um período de pelo menos 2 anos.

Mais de 1700 pessoas hoje estudam em escolas registradas pelo MEC que oferecem cursos técnico profissionais, recorde histórico. Há um sem número de escolas profissionalizantes oferecendo cursos de formação e aperfeiçoamento profissional. De fato é algo importante, mas insuficiente. Hoje temos 35% MENOS de alunos em curso superior do que tinhamos em 2005. Mesmo com uma oferta de cursos superiores de 2 anos de duração, temos um número menor de alunos na universidade. Péssimo para nossa cidade no médio/longo prazo.

Minha pergunta é: Quem vai coordenar toda essa mão de obra técnica que está sendo formada ?

Para quem acha que um curso superior não é importante, e entende que acha que só porque tivemos um presidente que não tinha curso superior, não fará diferença na vida, vai minha resposta.

Uma pesquisa divulgada em 24 de Maio último pelo Cadastro Central de Empresas do IBGE, que analisou 5,1 milhões de empresas brasileiras em 2011 chegou ao seguinte número:
- 82,9% dos assalariados no Brasil não tinham ensino superior. O salário médio deles era de R$ 1.294,70.
- os 17,1% que tinham curso superior ganhavam 219,4% a mais. Ou seja, um salário médio de R$ 4.135,06

E aí ? Vai estudar ou não ?

Caro amigo empresário, sem mão de obra qualificada, sua empresa não consegue a eficiência que você deseja. Pense melhor na hora de treinar ou não seu funcionário. Compreenda que este investimento vai melhorar os resultados de sua empresa e seu funcionário ficará feliz pois vê que você o valoriza. 

Quem tem mais a ganhar é você !!!

Eu vou dando meus pulos por aqui.

13 de maio de 2013

O próximo nível de desenvolvimento

Entrevista que dei para a Revista INFORME COMIGO, da Coop. dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano.

Por: Bruno Kamogawa

O economista Maurício Faganelo*, em entrevista à revista INFORME COMIGO, diz que a evolução do agronegócio em Goiás trouxe o crescimento econômico a diversos municípios e a cidade de Rio Verde é um exemplo deste processo impulsionado pelo cultivo de grãos, instalação de agroindústrias, armazéns e outras empresas. Contudo, defende que a atividade precisa se fortalecer e investir no desenvolvimento de polos tecnológicos voltados ao setor. 

*Bacharel em economia pela PUC-SP; MBA em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP; Consultor Empresarial, Professor de Economia, Mercado de Capitais e Gestão de Negócios do Instituto Federal Goiano – IF Goiano, Campus Rio Verde, e Delegado do Conselho Regional de Economia de Goiás – CORECON.

INFORME COMIGO - Qual a visão que os centros urbanos têm sobre o agronegócio?
MAURÍCIO FAGANELO: Segundo pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos do Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, a conclusão geral é que a população urbana entende que as atividades realizadas no campo são fundamentais para o fornecimento de alimentos e matérias-primas. Contudo, uma parcela ainda não está interessada em saber como as mesmas se desenvolvem para oferecer o produto que chega as suas mesas.  Antes, o comprador não queria conhecer a origem do produto. Entretanto, essa concepção está mudando. Agora, uma parte dos consumidores quer saber mais detalhes deste processo e até mesmo por onde passou aquele produto.  Essa preocupação começou a importar a partir do momento em que a qualidade e fatores externos relacionados ao produto ganharam grande relevância no desenvolvimento do mesmo no mercado. Este fenômeno atingiu todas as cadeias econômicas, principalmente de itens industrializados. Atualmente, se uma pessoa compra uma lata de molho de tomate, ela quer saber o padrão de qualidade adotado na seleção dos tomates no campo, se foi usado agrotóxico ou não. Por essa razão, grandes redes de fast food adotam essa política de apresentar ao público as etapas de seu processo produtivo. Neste contexto, podemos citar o McDonalds que teve um marketing extremamente negativo por conta do documentário “Super Size Me”, de Morgan Spurlock. Ele mesmo passou um mês comendo apenas esse tipo de alimento pra provar o quanto fazia mal. Foi ao médico e recebeu o diagnóstico de que se não parasse teria sérios problemas de saúde. Isso mostra a preocupação da população com o produto final. Assim, a empresa produziu vários comerciais para mostrar como suas matérias-primas eram produzidas. 

IC – E quanto à relevância econômica da atividade para o país?
FAGANELO: Agricultura e pecuária exercem um significativo impacto na economia brasileira, principalmente nas regiões produtoras. De acordo com o Instituto Mauro Borges, Rio Verde, por exemplo, apresentou uma balança comercial recorde em 2011, além de duplicar suas exportações em relação a 2010. Para a região, a instalação de indústrias relacionadas direta ou indiretamente ao agronegócio trouxe desenvolvimento econômico, sendo a COMIGO, a primeira responsável por essa transformação. Hoje, tornou-se a maior Cooperativa do Norte e Centro–Oeste do país, sendo listada no ranking nacional das melhores empresas.  Em outro momento, com a chegada da Perdigão, hoje BR Foods, visualizou-se o segundo “boom” da economia. Ela gerou empregos e movimentou a economia, ajudando na criação de uma nova classe média, principalmente composta de pequenos granjeiros e fornecedores de produtos e serviços para o setor. Assim, a produção agropecuária e os produtos industrializados derivados da mesma atendem ao mercado interno e seu excedente, ao mercado externo, fato que traz muitas divisas e lucratividade. 

IC – Isso impacta a economia local e regional?
FAGANELO: Sim, vemos o impacto em atividades no setor de bens duráveis e serviços. Uma concessionária de carro, por exemplo. O produtor rural, depois de comercializar sua safra, pode trocar ou adquirir um veículo. Este fato gera renda, impostos, tributos e empregos, além de uma expansão do setor.  A renda do agronegócio cresceu muito nos últimos 10 anos de forma exponencial, e os pequenos e médios produtores melhoraram seus proventos substancialmente. Pesquisas recentes publicadas pelo Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas comprovaram o que vemos no nosso dia a dia. Quem antes era da classe D, hoje é classe C e consegue oferecer uma melhor qualidade de vida para sua família, adquirindo mais produtos e serviços. Não se pode esquecer o crédito facilitado e os programas de financiamento à agricultura familiar que o governo promoveu como mola propulsora para esse desenvolvimento. O comércio de Rio Verde está fortemente atrelado ao agronegócio, com uma sazonalidade diferente de centros urbanos como Goiânia, que segue o calendário comercial das grandes metrópoles. Nós temos dois momentos importantes para a economia local, com a colheita da safra e safrinha, os quais são acompanhados pelo crescimento do consumo de bens duráveis e serviços diversos. São realidades diferentes em um mercado crescente. 

IC – O desenvolvimento atribuído ao agronegócio enfrenta quais obstáculos? 
FAGANELO: O crescimento econômico proporcionou oportunidades de desenvolvimento de empresas como a COMIGO, que teve origem na gesão da propriedade rural familiar e avançou para um processo de gestão profissionalizada, sendo esse processo responsável pela sua expansão e sucesso. Entretanto, essa metodologia não foi assimilada por todos os segmentos da economia e a Cooperativa se viu obrigada a buscar produtos e serviços em outras cidades ou estados. Em momento posterior, a instalação da Perdigão gerou outra cadeia produtiva que trouxe novas empresas interessadas em atender as necessidades deste complexo industrial, mas ainda sem supri-las de forma completa. Esse problema pode ser atribuído ao fato de que Rio Verde é classificada como uma cidade de porte médio e com grande potencial, contudo, ainda enfrenta problemas relacionados a uma postura de cidade pequena, o que pode atrapalhar o desenvolvimento. Ela possui aproximadamente 200 mil habitantes, com uma população flutuante de 10 mil pessoas por dia, mas ainda não oferece serviços com a qualidade e rapidez necessárias. As cidades de Taubaté e Santo André (SP) passaram por um processo parecido com a instalação de uma indústria automobilística (Volkswagen), que trouxe uma série de outras empresas inseridas na produção e montagem de veículos. Chamamos isso de arranjo produtivo local, empresas que dão suporte à indústria, constituindo um grande complexo industrial.

IC – A falta de mão de obra qualificada atrapalha esse desenvolvimento?
FAGANELO: Sim, cria um gargalo ao desenvolvimento e Rio Verde enfrenta esse problema no momento. Temos profissionais que saem bem preparados da universidade, mas apenas com formação acadêmica, e pouca ou nenhuma experiência profissional. No setor de serviços, verificarmos isso claramente pela baixa qualidade no atendimento e alta rotatividade no comércio, o que gera custos para o empresário. Esse processo limita a expansão do setor e reduz sua lucratividade. Um fato comum para o rio-verdense, mas que gera surpresa para quem veio de fora como eu, é o uso de carros de som anunciando vagas de emprego. Isso não é um acontecimento normal no país e talvez seja até uma miopia do mercado local, que acha isso uma prática comum. Se isso acontece em São Paulo (capital) veríamos uma catarse coletiva.

IC – Existe uma solução para este quadro?   
FAGANELO: Este problema não se resolve de uma hora para outra. Precisa-se investir na formação de profissionais qualificados e também proporcionar oportunidades destes profissionais atuarem no setor. Temos potencial para produzir talentos, sem a necessidade de importá-los. A questão é como valorizá-los. Temos condições de oferecer oportunidades aos profissionais aqui? Infelizmente, poucas empresas, como a COMIGO e a BR Foods, conseguem investir e manter seus talentos. Precisa-se criar uma mão de obra qualificada para alinharmos o setor secundário com o primário.

IC – O município atingiu um elevado patamar na cadeia produtiva do agronegócio, qual será o próximo passo?
FAGANELO: Investir no desenvolvimento de tecnologias e pesquisas voltadas para a nossa realidade, reduzindo a necessidade importar modelos prontos de outras regiões. Atualmente, contamos com instituições de ensino e órgãos governamentais como a Embrapa, e a participação da iniciativa privada; o que nos remete à necessidade de incentivar a criação de mais parcerias público-privadas com empresas e universidades. Não se pode fugir do nosso DNA agrícola, mas para sustentá-lo precisamos criar um polo tecnológico aqui, através da integração escola-empresa-governo. Essa iniciativa tem que partir do poder público, das empresas/indústrias e das universidades, pois somos deficientes em alguns pontos. Na universidade, posso constatar pouquíssimos projetos de iniciação científica voltados para o agronegócio. Muitos alunos nem mesmo sabem o que são derivativos agrícolas. Os produtores rurais devem se interessar pela formação técnica, na qual são muito eficientes, mas também pela gestão da cadeia produtiva de suas atividades. Os agropecuaristas são muito eficientes da porteira para dentro, já provaram isso com recordes de produtividade, mas ainda não estão acostumados a trabalhar com derivativos e mercado futuro, que podem otimizar os seus lucros. Isso se deve à insegurança do que é pouco conhecido e até mesmo desconhecido por alguns produtores. Outro ponto é a necessidade imediata da criação de um instituto de pesquisas econômicas aplicadas ao agronegócio, o que Goiás não tem. O Estado do Mato Grosso já conta este órgão que divulga pesquisas diárias sobre o setor, o que beneficia municípios como Rondonópolis, um dos nossos principais concorrentes na produção de grãos.

IC – O perfil das empresas relacionadas ao agronegócio está mudando?
FAGANELO: Em pesquisa que aponta as 10 maiores empresas globais relacionadas ao agronegócio, constatou-se que nove delas possuem escritórios ou representantes em Rio Verde. Grandes fundos de investimentos também já colocaram os dois pés na nossa região. Devido à presença de grandes produtores rurais e empresas locais voltadas ao agronegócio, como a COMIGO, o hectare de terras se valorizou, o que obrigou as multinacionais a analisar rentabilidades possíveis e arrendar propriedades por aqui. O que me preocupa é esse perfil de empresa que se utiliza capital estrangeiro, investe em uma gestão profissionalizada de produção por anos e retira o lucro para fora do município e também do país. Estes grandes grupos estão cada vez mais presentes e tem “bala” para investir, principalmente em uma região já desenvolvida para grãos (soja e milho) e nos municípios vizinhos com atividades mistas (pecuária e granjas). O setor financeiro está buscando melhores rentabilidades financeiras e o mercado agrícola está dentro deste radar. Cada vez mais veremos empresas com gestão profissionalizada e recebendo recursos de investidores, que antes ficavam somente no mercado financeiro. Cabe ao governo atrair novas empresas que queiram investir e se estabelecer em definitivo por aqui, e dispensar aventureiros e especuladores.

IC – Qual seria o impacto de uma eventual crise econômica no agronegócio?
FAGANELO: A integração da economia local com a principal atividade econômica trouxe muitos benefícios. No momento, o agronegócio está bem capitalizado e pode se manter por certo tempo. Porém, e se o setor produtivo pegar uma “gripezinha” ou mesmo como disse o ex-presidente Lula, enfrentar uma “marolinha” econômica? Já enfrentamos duas crises econômicas relacionadas ao agronegócio nos últimos 20 anos (1994 e 2001), com graves consequências para o desenvolvimento dos municípios, sendo o setor de serviços o bastante afetado. Se um produtor não tem dinheiro, ele não compra com tanta frequência no supermercado e o dono não contrata mais funcionários ou até mesmo reduz o seu quadro. O comércio diminui de tamanho e eleva-se o índice de desemprego. Não existe um remédio imediato, mas sim ações a médio e longo prazo como: aumentar a capacidade de industrialização do município; melhorar o gargalo logístico, que com a construção da ferrovia Norte-Sul será amenizado; investir na qualificação da mão de obra e na criação de um polo tecnológico do agronegócio. Rio Verde está em uma localização estratégica e se traçarmos uma linha de 1.300km ao redor do Sudoeste goiano e em torno de Goiás, podemos atingir 70% do mercado brasileiro. Se uma montadora de máquinas agrícolas se instala na cidade ela poderia aproveitar essa logística. Grandes centros surgiram começando pela atividade agrícola: São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Uberlândia e, agora, Rio Verde. De acordo com o Prêmio Nobel em Economia, Paul Krugman, em sua teoria dos polos, as pequenas cidades são atraídas pelo desenvolvimento dos grandes centros urbanos. Anápolis, localizada entre dois grandes centros urbanos (Goiânia e Brasília), fornece produtos e serviços para as duas cidades. Aparecida de Goiânia também passou pelo mesmo processo. Piracicaba (SP) é outro exemplo. Passou por um processo semelhante há 30 anos, com parcerias entre a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz – ESALQ, e Embrapa no desenvolvimento de polos de pesquisa. Até mesmo a Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F, bancou a construção do prédio de estudos de Economia Agrícola no campus da ESALQ nos anos 90. Hoje esse local possui a maior biblioteca em Economia Agrícola e Rural do país. Apartir destes exemplos, tenho convicção que conhecimento científico aplicado é o que mais gera riqueza no médio e longo prazo. No caso de Rio Verde, estamos na “porta” de todas as atividades relacionadas ao agronegócio, que se estendem por todo o Centro-Oeste brasileiro. Temos que partir para um nível acima no desenvolvimento e difusão de tecnologias voltadas ao setor e disso se aproveitar o Sudoeste goiano. Vale ressaltar que já temos capital, condições e pessoal suficiente para isso, falta resolvermos esses problemas para fortalecermos nossa base e evoluir para um novo patamar. Temos escolas prontas, alunos ávidos por novos conhecimentos e empresas qualificadas para receber esses profissionais.

IC – Neste processo, qual a relevância de uma agricultura familiar sólida?
FAGANELO: Fortalecer setores como a agricultura familiar também auxilia neste processo, a exemplo de Ibiúna (SP), uma pequena cidade que hoje é conhecida como a “horta” do paulistano, sendo grande produtora de hortaliças comercializadas em sua grande maioria na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – CEAGESP. Assim, se reduz a necessidade de buscar alimentos de cidades mais distantes ou até mesmo de outros estados, sendo mais um incentivo ao crescimento da economia regional e local. No caso de culturas como a soja e o milho, a força do cooperativismo da COMIGO é um grande apoio ao pequeno produtor, garantindo custos mais competitivos e um grande apoio na gestão e na comercialização de seus produtos.