Economistas advertem que as pessoas devem pensar duas vezes antes de contrair dívidas de alto valor
30 de agosto de 2014 (sábado)
O resultado negativo do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2014 (-0,6%) não chegou a surpreender os analistas econômicos, que já apontavam a retração para o qual o Brasil vinha caminhando. Mas a constatação de que o País está numa recessão técnica - ou seja, apresenta PIB em queda por dois períodos seguidos, já que nos três primeiros meses o índice foi revisado para baixo (-0,2%) - deve acender o sinal de alerta em todos os setores: desde governos, investidores e empresários em geral, até o cidadão comum.
Todos terão de pensar duas vezes antes de usar seus recursos e, talvez, rever hábitos e planos. Não é hora de adquirir dívidas de alto valor e é preciso pensar duas vezes antes de trocar de emprego, aconselham economistas. A inflação em alta já é bem perceptível no dia a dia, afinal o consumidor vê seu poder de compra diminuído pelos preços cobrados atualmente.
Mas, se a economia continuar no mesmo embalo, em breve, os efeitos serão sentidos também numa possível redução da renda e de vagas de trabalho, afirma o sócio-diretor da Moka21 Consultoria, economista Maurício Faganelo. A perda acelerada e contínua de competitividade entre as empresas também reflete o baixo desempenho do cenário econômico nacional.
“Basta você olhar os bens e produtos à sua volta. Cada vez mais são de mercadorias “made in China” (fabricados nesse País). A indústria brasileira não está conseguindo competir nessas condições de mercado e pode, em breve, começar a demitir”, afirma o economista Adriano Paranaíba.
CONSUMO
Num cenário de inflação em alta, no teto da meta do governo (6,5%), as famílias ficam com o poder de compra diminuído. Ou seja, com os mesmos rendimentos, compram cada vez menos produtos e serviços. Com isso, a tendência é de reduzirem o consumo para ajustarem o orçamento. “Isso tende a construir um cenário muito ruim para 2015, caso não haja uma mudança na política eco- nômica”, afirma Adriano Paranaíba.
O que pode melhorar esse quadro são os novos estímulos anunciados pelo governo federal nas últimas semanas para financiamento de automóveis e imóveis. “O governo já conhecia os resultados negativos do PIB e se antecipou à divulga- ção”, diz Faganelo.
INFLAÇÃO
A inflação em alta não deve ceder de imediato. O PIB no vermelho é a imagem clara de que a produção caiu e, portanto, há menos produtos no mercado. O período de eleições pode agravar a situação, já que os empresários tendem a segurar investimentos em função das incertezas políticas. Na lei da oferta e procura, quanto menor é a oferta, maiores são os preços e é esse o mecanismo que sustenta índices inflacionários altos.
No segundo semestre, esse cenário pode piorar, com a proximidade das principais datas comemorativos do País (Natal e Ano Novo) e aumento de consumo. Mas, num médio prazo, é possível que esse fluxo se acomode, já que a recessão técnica (PIB baixo e inflação alta) faz com que o consumidor pise no freio. É quando o mecanismo se inverte e, com menos demanda, os preços se acomodam.
EMPREGO
A economia já não vive mais uma situação de pleno emprego. Com o consumo em queda e a alta competitividade de produtos da China, a indústria é a principal atingida e já demonstra isso com a baixa produção apontada pelo recuo do PIB nacional.
“Estamos num processo de deterioração da economia e perda de produtividade da indústria. As contratações já estão em processo de desaceleração. Sem dinheiro para investimentos, o quadro só piora e, num longo prazo, isso pode se traduzir em redução de empregos”, alerta Paranaíba.
Para o trabalhador formal, isso significa que não é hora de correr riscos. Quem não se qualificou até agora, certamente terá maior dificuldade de se recolocar no mercado, caso precise competir com outros candidatos. “Ele não deve perder de vista a continuidade de sua capacitação”, diz Faganelo.
SALÁRIO
A falta de crescimento econômico, sem dúvida, dificultará a negociação de melhores remunerações por parte da maioria das categorias. A reposição salarial, a partir dos dissídios coletivos, deve ser igual ou inferior ao índice de inflação. “A partir de agora, os acertos não devem ter ganho real”, explica Faganelo.
DÍVIDAS
O índice de endividamento está num patamar tão elevado que já compromete o próprio consumo. Nesse momento, o melhor é evitar ao máximo adquirir novas dívidas, principalmente porque os juros estão subindo. “Hoje, não é mais barato pegar crédito”, frisa Paranaíba.
Maus resultados são mais brandos em Goiás
30 de agosto de 2014 (sábado)
Centrado principalmente no agronegócio, Goiás se beneficia do único setor que segurou a economia do País nos últimos meses: a agropecuária. Com os preços das commodities em alta no mercado internacional, a balança comercial é favorecida. Com isso, os efeitos dessa recessão técnica chegam ao Estado de forma mais branda. Não é por acaso que os indicadores de emprego, produção e até endividamento são melhores na economia goiana, em comparação à média nacional.
Para Maurício Faganelo, esse bom cenário externo agrícola deve perdurar até o final do ano, o que, associado à alta produtividade no Estado (vide resultado de Rio Verde, que figura entre os maiores resultados agrícolas do País), deve ajudar os resultados em Goiás.
MUDANÇA
Por outro lado, Adriano Paranaíba alerta para uma possível mudança neste quadro nos próximos anos, com a retomada do crescimento da economia norte-americana, que também é fortemente influenciada pelo agronegócio.
Com a recuperação dos EUA (cresceu mais de 4% neste segundo trimestre), não existe mais uma situação de supervantagem brasileira, que passa a ter uma forte competição no fornecimento de alimentos para o mundo.
Os investimentos depositados no País também começam a retornar ao mercado norte-americano, reduzindo o fluxo de dólar e, consequentemente, de investimentos no Brasil.
INDÚSTRIAS
Para Paranaíba, a vantagem para Goiás num cenário de crise pode ser o recebimento de indústrias que sairão do Sudeste em busca de menores custos. “Em Goiás, eles encontram mão de obra barata e uma localização privilegiada. Será um movimento parecido com o da década de 80”, analisa. Nesse sentido, acrescenta Faganelo, a Ferrovia Norte-Sul será um grande fator de atração de empresas e investimentos e impulsionará uma possível mudança na matriz de transportes.
“Também vejo como muito positivo o empreendedorismo goiano, principalmente nos setor de comércio e serviços. Possivelmente, será uma grande parte da sustentação da economia local”, frisa Faganelo.
Preciso que você me indique o artigo original do Hobsbowm para referir-me ao seu artigo em português e seu blog.
ResponderExcluirAproveito para perguntar se posso incluir seu blog na lista de blogs dos leitores.
Grato,
Christopher.
poscapitalismo.org
Claro Christopher... fique a vontade.... estou a disposição... aqui ou no facebook... abs
ResponderExcluirMF