Evolução do PIB durante o Plano Real

Este texto é uma síntese bastante interessante e bem elaborada pelos meus alunos da disciplina de ECONOMIA do curso de Direito na Uninove Memorial


Alunos:
Alexandra Gonçalves Guandelini
Alexandre Moreira de Bastos
Cláudio Emílio de Oliveira Costa
Eliane Aparecida Velozo Barbosa
Elisângela Maria Vieira
Jonas Silva Coutinho
Marcos José de Jesus




A EVOLUÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO APÓS O PLANO REAL
(1993 - 2010)


1.1 - INTRODUÇÃO

O Programa de Estabilização Econômica ou Plano Real, como tem sido chamado, foi um programa definitivo de combate a hiperinflação concebido e implantado em 3 etapas:
  1. Período de equilíbrio das contas públicas, principal causa da inflação brasileira, com redução de despesas e aumento de receitas, e isto teria ocorrido nos anos de 1993 e 1994;
  2. Criação da URV – Unidade de Valor, um padrão estável de valor, para preservar o poder de compra da massa salarial, evitando medidas de choque como confisco de poupança e quebra de contratos;
  3. Lançamento desse padrão monetário de nome Real, nova moeda nacional de poder aquisitivo estável, utilizado até os dias atuais.
O ajuste das contas do Governo teve início em 14 de junho de 1993 com o programa de Ação Imediata -- PAI, que estabeleceu um conjunto de medidas voltadas para a redução e maior eficiência dos gastos da União no exercício de 1993; recuperação da receita tributária federal; equacionamento da dívida de Estados e Municípios para com a União; maior controle dos bancos estaduais; início do saneamento dos bancos federais e aperfeiçoamento do programa de privatização.

O aprofundamento do ajuste fiscal foi viabilizado a partir da aprovação, pelo Congresso Nacional, da proposta de Emenda Constitucional criando o Fundo Social de Emergência. A vigência do Fundo, que consiste essencialmente num mecanismo transitório de desvinculação de receitas, atenua a excessiva rigidez dos gastos da União ditada pela Constituição de 1988 e, assim, possibilita o equilíbrio orçamentário dentro de limites estreitos, mas exeqüíveis.

O Programa de Estabilização foi inaugurado com a publicação da Exposição de Motivos nº 395, de 7 de dezembro de 1993, que definiu as linhas gerais do Programa e teve continuidade com a edição da Medida Provisória nº 434, de 28 de fevereiro de 1994, aprovada pelo Congresso Nacional na forma de Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994, que criou a URV e previu sua posterior transformação no Real.

Após a implantação do plano, durante mais de seis anos, uma grande sequência de reformas estruturais e de gestão pública foram implantandas para dar sustentação a estabilidade econômica, entre elas destacam-se: Privatização de vários setores estatais, o Proer, a criação de agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), a liquidação ou venda da maioria dos bancos pertencentes aos governos dos estados, a total renegociação das dívidas de estados e municípios com critérios rigorosos (dívida pública), maior abertura comercial com o exterior, entre outras.

Um funcionário da Casa da Moeda, responsável pelo projeto artístico da empresa, relatou a uma revista que o primeiro comunicado sobre uma outra nova moeda foi feito em novembro de 1993, e a sua produção se iniciou em janeiro de 1994, estabelecendo um recorde.




2 – A EVOLUÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO BRASILEIRO ENTRE 1993 E 2010

A produção global de bens e serviços de um país é mensurada através do Produto Interno Bruto (PIB). No cômputo da produção total são descontados os gastos com insumos utilizados no processo produtivo durante o exercício econômico. Essa produção é medida com a soma do total do valor adicionado bruto gerado por todas as atividades econômicas do país que abrange os setores agropecuário (agricultura, extração vegetal e pecuário), industrial (extração mineral, transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção civil) e serviços (comércio, transporte, comunicação, serviços da administração pública e outros serviços).

O PIB é medido pelo IBGE de acordo com a metodologia proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), levando em consideração levantamentos e sistematizações de informações primárias e secundárias necessárias.

2.1 – A MARCHA DO PIB ENTRE 1993 E 2010

TABELA Brasil – Produto Interno Bruto 1993-2010
Ano
Taxa de crescimento (%)
1993
4,9
1994
5,9
1995
4,2
1996
2,2
1997
3,4
1998
0,0
1999
0,3
2000
4,3
2001
1,3
2002
2,7
2003
1,1
2004
5,7
2005
3,2
2006
4,0
2007
5,7
2008
5,1
2009
0,2
2010
7,5
FONTE: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

A tabela permite compreender que, durante a década de 1990 os resultados apresentados do Produto Interno Bruto (PIB) tiveram oscilações significativas. Nos anos que antecederam 1994, a variação do PIB brasileiro foi negativa, decorrente do turbulento cenário de hiperinflação e instabilidade.


2.2 – Gestão - Fernando Henrique (1994/1998)

A partir de 1994, com a adoção do Plano Real – considerado um dos mais bem-sucedidos planos de estabilização da economia brasileira, o país conseguiu se restabelecer, livrando-se da indexação da economia, resultando na redução considerável dos exagerados níveis inflacionários. Em contrapartida, a suscetibilidade externa aumentou devido à elevação da taxa de juros e ao câmbio “sobredesvalorizado”. Tal fato cerceou o crescimento econômico, agravando o problema das contas públicas, contudo o PIB eleva-se em 1%, devido aos reduzidos índices de inflação a partir de julho de 1994, ocasionando saldos positivos para a produção e para o consumo.

Segundo informações do DIEESE (2010), os índices econômicos do primeiro semestre de 1994 apresentaram picos de inflação, quedas da massa salarial e estagnação do nível da atividade econômica. No semestre seguinte, houve uma reversão gradual desta tendência, pois neste período a implementação do Plano Real estava praticamente concluída na economia. O PIB fechou em 5,9% em 1994 e o setor industrial apresentou expansão de 7%.

De 1994 para 1995, a taxa de crescimento do PIB foi negativa. Esta variação foi reflexo principalmente da crise mexicana, que impactou no fluxo de capitais dos país emergentes, assim como o Brasil. De acordo com Marques (2006), no primeiro  trimestre de 1995, a economia manteve-se em expansão, apresentando uma taxa de crescimento (ajustada sazonalmente) de 3,1% em relação aos últimos três meses do ano anterior. Entre junho de 1994 e março de 1995, a produção industrial mostrou uma elevação de 15,5%. Até março de 1995, a produção de bens duráveis era o maior responsável pelo crescimento industrial. Por outro lado, o setor de bens de capital possuía grande representatividade na ampliação da capacidade de oferta da economia, atingindo 27,2% de crescimento. A queda abrupta da inflação ocasionou efeitos expressivos sobre o poder de compra da população. 

Paralelamente, o acréscimo salarial aliado ao aumento do nível de emprego estimulou o consumo. Os dados do comércio do Estado de São Paulo apontam que o Real foi bastante impactante sobre o consumo. “O faturamento cresceu quase 18% em março de 1995 em relação a março de 1994 e registrou-se elevação de 57,6% nas vendas do setor de bens duráveis no mesmo período” (MARQUES, 2006, p. 236). Portanto, de um ano para o outro, as vendas de automóveis, eletrodomésticos da linha branca e outros produtos duráveis cresceram mais de 50%. Por isso, o Brasil passou a adotar algumas medidas restritivas – aumento dos empréstimos compulsórios, restrições de crédito e juros altos – que sacrificaram os níveis de crescimento atingidos no início de 1995. Tal medida foi utilizada a fim de amenizar os déficits na balança comercial e prevenir uma eventual inflação de demanda.

Em 1996, o Brasil termina com a taxa de crescimento do PIB negativa em relação a 1995. Este resultado foi reflexo, principalmente do déficit nas contas públicas, originado pelo saldo negativo da balança comercial e pelo desemprego. Além disso, em 1996, o setor terciário perdeu grande parte de seu dinamismo, baixando expressivamente o taxa de crescimento do PIB em relação aos anos anteriores.

O período de 1997 foi bastante marcante no governo de Fernando Henrique Cardoso, pois neste período o país passou pela crise Crise Asiática, ocorrida em 1997. A Crise Asiática teve início na Tailândia. Os países denominados Tigres Asiáticos foram atingidos por um momento de desvalorização cambial, perda de reservas e seguidas reduções nas suas bolsas de valores. Com isso, esses países passaram a sofrer com as incertezas políticas e também com problemas financeiros, o que levou a especulação das moedas locais e a perda de suas reservas. Os reflexos dessa crise foram percebidos também nas economias dos países emergentes, dentre elas a do Brasil, que em outubro de 1997 registrou uma drástica queda na Bolsa de Valores de São Paulo. Com essa incerteza na economia nacional, houve também tentativa eminente de especulação do Real, conforme ocorrido na crise que atingiu o México, fazendo com que as reservas brasileiras, que estavam elevadas, sofressem uma grande redução. Para tentar corrigir esse momento desfavorável da economia, foi adotada uma elevação da taxa de juros, praticamente o dobro. Com esse aumento dos juros, o Brasil conseguiu minimizar os impactos dessa crise, porém, como consequência, ocorreu uma diminuição da produtividade e um aumento do desemprego. Após esse período de turbulência, a taxa de juros voltou a “normalidade”. Em 1997, foi possível observar o aumento da dívida externa brasileira, quando o déficit em conta corrente foi de quase 4% do PIB. Apesar da instabilidade econômica mundial vivida, o Brasil apresentou um aumento de 3,4% no seu PIB.

O PIB de 1998, apontou que o país não cresceu, ficou estagnado, fato plenamente justificado pela crise que ocorrera na Rússia. Os sintomas dessa anormalidade econômica impactaram diretamente na economia nacional. O PIB Brasileiro, em 1998, fechou em 0,00%. A crise que atingiu os países asiáticos em 1997 foi um dos fatores que contribuiu para a eclosão da crise russa. O país apresentou déficit externo muito elevado e anunciou moratória e desvalorização da moeda. O governo russo não conseguia mais pagar os salários, o que causou grandes manifestações da população. A taxa de desemprego disparou, fazendo com que grande parte da sociedade ficasse na miséria. Com essa desvalorização cambial, houve crescente redução na bolsa de valores, diminuindo assim os investimentos internacionais e também a defasagem de suas reservas, perdendo muito capital. Os reflexos dessa crise foram plenamente verificados no Brasil, pois como já presenciado nas crises mexicana e asiática, o remédio adotado pelo país foi a elevação da taxa de juros. O Brasil elevou sua taxa de juros a 42%, porém o efeito esperado, de estabilizar a economia, não aconteceu. Novamente o Real foi alvo de especulação, fazendo com as reservas cambias do país tivessem queda acentuada e as exportações brasileiras foram muito comprometidas. Já pensando no próximo mandato, no final de 1998, o governo FHC buscou realizar um acordo com o FMI para que o ano seguinte não fosse comprometido.

2.3 – Gestão - Fernando Henrique (1998/2002)

Em 1999, o PIB nacional não teve um desempenho considerável, a taxa de crescimento foi de 0,3%, resultado devido a uma nova crise que ocorreu no próprio país, a Crise Brasileira, que adotou uma política de desvalorização do Real, pois a queda acentuada das reservas no ano anterior forçou o país a acabar com a estabilidade monetária. O câmbio deixou de ser fixo e passou a ser flutuante. Os efeitos dessa desvalorização da moeda fizeram com que o preço dos produtos importados apresentasse incrementos significativos. Com essa elevação dos preços, aliado à adoção de elevação da taxa de juros, o país não conseguiu atingir um patamar satisfatório de crescimento.

Já no ano 2000, o Brasil voltou a apresentar uma aceleração do crescimento, o PIB cresceu 4,3%. O aquecimento da economia estava relacionado com a diminuição das taxas de juros, imposta rigidamente para ficar no patamar de 15% no ano anterior, o grande período em que o Real manteve-se estabilizado nos anos anteriores e com a recuperação da confiança, consequência do comprimento do acordo com FMI.

O ano de 2001 foi marcado por uma desaceleração econômica, a taxa de crescimento do PIB foi de apenas 1,3%. Isso aconteceu devido à crise energética vivenciada pelo país e pela insegurança nos mercados externos, provocados pela crise da Argentina e pelos atentados terroristas contra os Estados Unidos. Com isso, o mercado de câmbio passou por algumas oscilações, na qual o Real sofreu uma depreciação média de 28,3% ao ano e a taxa cambial variou de R$1,95/US$, em Janeiro para R$2,36/US$ em Dezembro. O impacto da desvalorização cambial sobre os preços não foi tão acentuado, o IPCA cresceu 6,8% no ano, justificado pela diminuição da demanda do consumidor e pela paralisação do mercado de trabalho, em relação a novas contratações e a rentabilidade real. A crise energética também impactaria o nível de preços, e assim, o país operou com uma política monetária retrativa, através do aumento da taxa básica de juros e dos depósitos compulsórios, para permanecer dentro da meta inflacionária. O colapso energético ocorrido no Brasil neste período comprometeu o fornecimento e distribuição de energia elétrica do país. Esta crise interna, que obrigou os brasileiros a racionar energia, aconteceu por dois principais motivos: a pequena quantidade de chuva, que deixou inúmeras represas vazias, e pela carência de planejamento e de investimento, tanto na geração como na distribuição da energia elétrica. Em 2001, a economia da Argentina, que estava atrelada ao câmbio fixo, no qual um peso era equivalente a um dólar, tentou negociar suas dívidas, porém só aprofundou ainda mais a crise. Em dezembro, o país declarou a moratória de sua dívida, neste mês, o Presidente Fernando de La Rua renunciou, e em seguida, outros quatro presidentes assumiram o cargo e renunciaram em 12 dias.

Em 2002, a taxa de crescimento foi de 2,7%, ocasionada devido a vitória nas eleições presidenciais do país pelo candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, que trouxe incerteza quanto à sustentação da política econômica, o chamado Risco-Lula, nome que faz alusão ao risco-país. O risco-país tenta medir a instabilidade econômica em um país e o risco que se assume ao investir nele. Quanto maior o risco-país, menores serão as chances de atrair investidores estrangeiros. Esse fator, aliado à degradação da economia e da política da Argentina, resultou na queda do fluxo de capitais e aumentou risco dos países emergentes, pelo provável ataque ao Iraque pelos EUA, que provocou instabilidade nos preços internacionais do petróleo e afetou os preços internos de seus derivados. Em consequência desses fatores, o aumento da taxa cambial não só continuou como passou a influenciar os preços internos e elevar a dívida pública, pois parte dela estava acoplada à moeda estrangeira, terminando o ano com a cotação de R$3,63/US$ e com uma depreciação de 52% do Real. Mesmo com a moeda depreciada e com o aumento da inflação, o Banco Central decidiu reduzir para 18% a taxa Selic em julho, agosto e setembro, porém no em outubro teve início um aumento sucessivo da taxa, concluindo o ano em 25%. Em 2002, o que aumentou o nível desta taxa foi o risco-Lula, que trouxe insegurança quanto à política econômica que se iria empregar.


2.4 – Gestão – Luís Inácio Lula da Silva (2003/2006)

No exercício de 2003, o governo adotou política fiscal e monetária contracionista, fazendo com que a taxa de crescimento do PIB voltasse a desacelerar e alcançasse a marca de 1,1%. A insegurança do período foi caracterizada pelo aumento do risco-país, pela depreciação da taxa de câmbio, pela saída de capitais e pela queda do crédito internacional. Com o objetivo de controlar a inflação, o governo optou por aumentar a taxa Selic para 26,5% ao ano em fevereiro, mantendo-a assim até junho. Esta política econômica resultou em maior confiança dos mercados e na baixa do câmbio, que passou de R$3,59/US$ em fevereiro para R$2,93/US$ ao final do ano. Com a apreciação do câmbio e com ferramentas monetárias restritivas, o governo conseguiu obter certo controle sobre a inflação e assim voltou a diminuir a taxa básica de juros. Mesmo assim, a inflação acumulada do período alcançou 9,3% (IPCA).

O ano de 2004, foi marcado pela retomada do crescimento do PIB brasileiro, alcançando a taxa de 5,7%. Com um ambiente externo favorável e o contínuo aumento do saldo da balança comercial, a taxa de câmbio voltou a valorizar-se. Além disso, a queda da inflação, a partir da metade do ano de 2003, fez com que o Banco Central reduzisse a meta da taxa Selic em 10 pontos percentuais, atingindo, em janeiro de 2004, 16,5% a.a. De janeiro a abril, o Comitê de Política Monetária (COPOM) decidiu diminuir a taxa Selic em meio ponto percentual para prorrogar o crescimento econômico e o pequeno nível da inflação. Porém, no segundo semestre, o aumento da pressão inflacionária acarretou um aumento desta taxa, que passou para 17,5% ao ano.

Em 2005, o país apresentou crescimento de 3,2%, desempenho menor que o verificado em 2004, devido à desaceleração dos investimentos, da indústria de transformação e da agropecuária. Segundo Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, este resultado foi puxado pelo consumo das famílias, influenciado principalmente pelo aumento do crédito e dos salários reais, da ordem de 3,1%, enquanto que o gasto do governo cresceu 1,6% em relação ao ano anterior. De acordo com o IBGE, a participação dos componentes da demanda, no resultado do PIB deste ano, foi de 55,5% consumo das famílias, 20,6% investimento, 19,5% consumo do governo e exportações líquidas de 4,4%, sendo que as exportações contribuíram com 16,8%, contra 18,0% de 2004, queda justificada pela apreciação do Real frente ao dólar, enquanto as importações alcançaram 12,4%, contra 13,4% em 2004. Os investimentos registraram alta de apenas 1,6%, em relação a 2004, pois a crise de confiança, motivada pelas incertezas quanto às políticas do governo, fez com que empresários e consumidores adiassem projetos para 2006. A taxa de juros mais elevadas e o câmbio contribuíram com esse resultado. A participação setorial no valor adicionado foi da ordem de R$ 145,8 bilhões para a agropecuária, redução na participação de 1,70% em relação a 2004, totalizando 8,4% do PIB 2005. A indústria e os serviços apresentaram desempenhos positivos, 40% e 57%, respectivamente. O PIB per capita a preços correntes, definido como a divisão do total do PIB a preços correntes pela população residente atingiu R$ 10.520,00 em 2005.

Para o ano de 2006, o crescimento registrado foi de 4,0%, pequena recuperação frente a 2005. O PIB per capita apresentou crescimento real de 1,4% e o consumo das famílias 3,8% ante 2005. Com base em dados do IBGE, o setor agropecuário cresceu 3,2% em 2006, a indústria brasileira avançou 3%, puxada pela indústria extrativa mineral (5,6%) e pela construção civil (4,5%). O ano foi marcado pelos reflexos da crise do agronegócio iniciada em 2005, determinada pela ausência de investimentos e de incentivos por parte dos governos e, pela preocupação mundial com a gripe do frango, febre aftosa, transgênia, que comprometeram as exportações brasileiras do setor.


2.5 – Gestão – Luís Inácio Lula da Silva (2006/2010)

O resultado de 2007 mostra crescimento de 5,7%, conquistado pela recuperação do setor do agronegócio, atividade que apresentou o maior crescimento no ano com 5,3%, baseado no bom desempenho da lavoura de trigo, algodão herbáceo, milho em grão, cana e soja. O bom desempenho da economia também foi motivado pelo volume de investimentos (16,0%).  A indústria cresceu 4,9%, com destaque para a indústria de transformação com participação de 5,1%, e da construção civil 5,0%, enquanto o setor de serviços apresentou alta de 4,7% em relação a 2006, desempenho determinado pelo subsetor de intermediações financeiras e seguros (13,0%), seguido por serviços de informações (8,0%) e comércio (7,6%). O PIB cresceu 5,1% em 2008, enquanto o PIB per capita cresceu 4,0% em relação a 2007.

Em 2008, a taxa de investimento chegou a 18,5% - a mais alta da série iniciada em 2000. Comparando o quarto trimestre de 2008 com o terceiro, o PIB apresentou queda de 3,6%, se comparado ao mesmo período de 2007 a economia brasileira registrou expansão de 1,3%. Os modestos resultados do último trimestre do ano foram motivados pela precipitação da crise mundial, iniciada nos Estados Unidos, que foi negligenciada pelo governo brasileiro, que se limitou a reduzir os depósitos compulsórios e preferiu não alterar a taxa Selic. A indústria foi o setor que mais padeceu, registrando queda de 7,4%, enquanto a agropecuária e serviços apresentaram resultados de – 0,5% e – 0,4%, respectivamente no período. De acordo com o relatório trimestral do IBGE, dos componentes da demanda interna, a Formação Bruta de Capital Fixo teve a maior queda (-9,8%, o maior recuo da série), seguida pela Despesa de Consumo das Famílias (-2,0%), sendo que essa taxa não é negativa desde o segundo trimestre de 2003 (-1,2%). Já a Despesa de Consumo da Administração Pública variou 0,5%. Pelo lado do setor externo, as Exportações de Bens e Serviços caíram 2,9% e as Importações de Bens e Serviços decresceram 8,2%. A primeira vez que houve queda nessa taxa desde o terceiro trimestre de 2005 (-0,5%).

Em 2009, a variação do PIB ficou em - 0,2%, totalizando R$ 3.143 bilhões. Os resultados setoriais também apresentaram queda, sendo o pior desempenho da indústria - 5,5%, no qual todos os subsetores apresentaram queda, com destaque para a indústria e transformação (-7,0%) e construção civil (-6,3%). O agronegócio recuou – 5,2%, devido à redução da produção de trigo, milho, café e soja. O setor de serviços apresentou alta de 2,6%.  Os componentes da demanda interna agregada apresentaram valores positivos para consumo das famílias (4,1%) e gastos do governo (3,7%), enquanto que a formação bruta de capital fixo recuou 9,9%. A renda per capita caiu em 1,2%, ficando em R$ 16.414,00, resultado maior que em 2008, devido à baixa taxa de crescimento da população (0,99%) e não ao desempenho da economia. No segundo semestre, a economia se recuperou, em função do bom desempenho do mercado interno aquecido pelas reduções do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para automóveis, eletrodomésticos da linha branca e materiais de construção, e da pequena melhora apresentada pelo comércio internacional. O PIB do primeiro semestre, se comparado ao mesmo período de 2008, recuou 1,9% e, no segundo período de 2009, apresentou alta de 1,5%, seguindo a mesma base comparativa.

O PIB em 2010, a demanda interna, com o consumo das famílias - que correspondeu a cerca de 60% do PIB - e a Formação Bruta de Capital Fixo, foi o grande motor do crescimento, com alta de 10,3%. Já o setor externo registrou contribuição negativa de 2,8%. Para efeito de comparação, em 2009, a demanda interna encolheu 0,8%, enquanto o setor externo teve leve variação de 0,2%.

Segundo o IBGE, a maior alta em 24 anos foi influenciada pelo desempenho robusto da demanda interna e pela baixa base de comparação do ano anterior, quando o PIB registrou retração de 0,6%, porque ainda sofria os efeitos da crise econômica global de 2008. Pela ótica da oferta, o maior crescimento coube à Indústria, seguido pela construção civil. Serviços avançaram 5,4%, e Agropecuária cresceu 6,5%.  Pela ótica da demanda, o consumo das famílias e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que sinaliza os investimentos, tiveram alta de 7,0% e 21,8%, respectivamente. O consumo do governo teve variação negativa de 0,3% frente ao trimestre anterior. O crescimento verificado na indústria, na FBCF e no consumo das famílias em 2010 foi influenciado pela melhora nas condições do mercado de trabalho, além dos incentivos fiscais do início do ano. Houve crescimento de emprego e da massa salarial e, no início do ano, os incentivos sobre automóveis. Isso tudo dá um impacto sobre consumo e o aumento da indústria. Houve produção recorde no ano - afirmou. -E na Formação Bruta de Capital Fixo há uma perspectiva de que se vai manter o crescimento, então ocorre uma demanda por bens de capital. Na parte de importação e exportação, há um efeito câmbio que barateia as importações - acrescentou.

3 – CONCLUSÕES

A implantação do Plano Real possibilitou ao Brasil ter uma moeda forte que lhe propiciasse o início da estabilização de sua economia, mudança no regime cambial, estabilidade nos níveis de preços internos, a formação de mercado de consumo de massas, avanços sociais, incluindo a vitória contra a hiperinflação que acometia ao país com instabilidades e congelamentos de preços, privações e inseguranças. A análise evolutiva do Produto Interno Bruto permite que se conheça os indicadores, as variações do desempenho econômico do país, a identificação de todos os atores do cenário econômico que influenciam e contribuem direta e indiretamente no crescimento de uma economia, além de traçar as diretivas para novos cenários, quais as alterações, impactos, situações que influenciarão nessa economia. Isto ajuda na definição, ajustes e criação de medidas que irão desenhar ou redesenhar esse cenário econômico.


Bibliografia

FAE – Centro Universitário – Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v.3, n.5, julho 2010. Evolução do PIB.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Globo on-line, PIB 2010 - http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/03/03. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
LEITÃO, Miriam. Saga Brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda. Ed. Record 2011.