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A inflação deu mais uma trégua para o bolso do goianiense e recuou pelo segundo mês consecutivo, a ponto de alcançar o menor nível mensal dos últimos dez anos. Três fatores de peso para o orçamento das famílias fizeram com que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Goiânia caísse 0,58% em julho: redução dos valores de alimentos (-1,14%), da passagem de ônibus urbano (-4,26%) e da tarifa de água e esgoto (-2,05%). Desde junho de 2003, quando a variação foi de -1,19%, a capital não tinha um patamar inflacionário tão baixo.
Os índices negativos registrados nos últimos dois meses (em junho, foi de -0,09%), juntamente com o desaquecimento de preços em abril e maio deste ano, na comparação com o ano passado, provocaram uma desaceleração do IPC em 2013. A inflação atual, registrada de janeiro a julho, é de 2,94%, enquanto no mesmo período do ano passado, os preços acumulavam uma alta de 4,87%. Este cenário, por si só, já abre um sinal de esperança de que o custo de vida este ano seja menor do que os 9,63% de 2012.
Essa possibilidade é baseada nos indicadores para o segundo semestre. Segundo a chefe de Gabinete de Gestão do Instituto Mauro Borges (IMB), Lillian Maria Silva Prado, como a tendência é de que os preços de alimentos fiquem mais estáveis nos próximos meses e como não há reajuste de tarifas de serviços essenciais previsto até o final do ano, a inflação deve arrefecer.
Mas esta não é uma certeza para o economista e professor do Instituto Federal Goiano (IFG) Maurício Faganelo, da Moka21 Consultores Associados. Conforme o especialista, a estabilidade de preços deve durar apenas até outubro. A partir de então, a economia deve voltar a se aquecida com a volta da população ao consumo, já de olho nas festas de fim de ano e no pagamento do 13º salário, cuja primeira parcela começa a ser paga na maioria das empresas privadas em novembro.
“Até lá, a inflação deve variar num patamar entre -0,4% e +0,3%. Mas, depois disso, o índice sobe, por conta do aumento do consumo de final de ano e acredito que feche 2013 muito próximo do registrado no ano passado (9,63%). No Brasil, a inflação já está muito próxima do teto da meta do governo e, no ano, deve ficar acima desse teto. Goiânia também deve acompanhar isso”, analisa. O aumento da alíquota do óleo diesel também deve impactar a inflação a partir deste mês, já que o combustível alimenta toda uma cadeia, no escoamento de produção e transporte de produtos.
CENÁRIO
A redução de 1,14% no custo médio da alimentação em Goiânia foi o que mais contribuiu para que a inflação ficasse reduzida em julho. Tanto o tomate quanto o feijão carioca, que figuraram durante vários meses como vilões do aumento do custo de vida, desta vez, foram grandes responsáveis pelo recuo (-48,87% e -5,88%, respectivamente). “Hortaliças, tubérculos e frutas em geral tiveram variações negativas em função da melhor oferta de produtos. Esta curva da alimentação é cíclica, em função da sazonalidade. Termina o período chuvoso, aumenta a produção e diminuem os preços”, explica o economista Marcelo Eurico de Sousa, gerente de Pesquisas Sistemáticas e Especiais do IMB.
No caso da habitação, que diminuiu 0,28%, a causa foi o recuo da conta de água e esgoto em 2,05%. Essa alteração foi possível porque os gastos com energia elétrica da Saneago ficaram menores após o barateamento da tarifa de luz promovida pelo governo federal. A companhia, na verdade, está apenas retirando parte do reajuste extra que havia feito em dezembro, sob a justificativa de que estava repassando o aumento de gastos com o custo de energia, que então havia subido.
No grupo de Transportes, a redução foi ainda mais expressiva (-2,19%). Neste caso, contou o impacto do recuo no preço da passagem de ônibus urbano (-4,26%), que havia sido reajustada para R$ 3 e voltou a ser R$ 2,70. “Mas esse é um fenômeno que está acontecendo no Brasil todo”, frisa Mauricio Faganelo. Também foram reduzidos em julho os preços do etanol (-1,61%), gasolina comum (-0,36%) e óleo diesel (-0,43%).
CESTA BÁSICA
O barateamento dos alimentos em Goiânia impactaram diretamente o preço da cesta básica calculada pelo IMB. De junho para julho, o conjunto de produtos baixou R$ 8,20 e passou a custar R$ 242,49 (queda de 3,27%). Com esse resultado, a cesta voltou ao mesmo patamar de janeiro. Em maio, a cesta básica alcançou o maior valor histórico (R$ 256,08).